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    Deslize para o lado para ler alguns trechos dos depoimentos inéditos das parlamentares para a pesquisa.

    "Eu vinha de uma época em que a organização comunitária não permitia que mulher falasse na assembleia, [não permitia que] fosse na assembleia... [Não permitia que] dissesse nada [...] 

     

    Olha, que luta! Para um outro tipo de movimento feminista, naquele momento o desafio era saber como uma mulher iria se livrar realmente da opressão que ela tinha."

     

    Benedita da Silva - Deputada Federal

    (PT - RJ)

    "Então eu faço alguns questionamentos e aí o companheiro vereador vem logo depois de mim, e fala: “Companheira, que fala técnica. Muito boa sua fala!” [...] 

     

    Então meu entendimento é que a gente é militante demais para estar naquele espaço, a gente é muito ativista, então a gente só vai gritar, a gente só vai fazer “presepada” [...] Quando é o contrário, a gente tem um monte de projeto de lei protocolado."

     

    Laina Crisóstomo das Pretas por Salvador - Vereadora

    (PSOL - Salvador/BA)

    "Quando eu assumi uma coordenação na Secretaria de Educação, quando nosso partido estava à frente da prefeitura, isso ficou ainda mais evidente. Então tinha ali uma violência explícita de que eu não servia para aquele cargo, não servia para aquele lugar. [...] 

     

    Para você ter ideia do tamanho da violência, eu cheguei na sala e não tinha uma cadeira para eu sentar. E elas já sabiam que eu iria. [...] 

     

    Tudo o que eu fazia era questionado, quando eu tinha que dar uma ordem para o grupo, a ordem era sempre questionada..."

    Ana Lúcia Martins - Vereadora

    (PT - Joinville/SC)

    "Desde 2018 mais ou menos, eu já começava a enfrentar essas violências. Eu lembro que eu era assessora da deputada Talíria Petrone do PSOL, quando comecei a receber... “Olha se eu te ver na rua eu vou te espancar!” “Esse traveco de merda que quer destruir os nossos filhos”. 

     

    Eu lembro que eu escrevi um projeto de lei para as pessoas usarem o banheiro de acordo com as suas identidades, sem segregação e eu lembro que eu recebia mensagens das pessoas nas redes sociais — de homens brancos, racistas, transfóbicos — que se me vissem no mesmo banheiro das suas filhas e esposas eles iriam me arrancar à base da porrada desses espaços."

    Benny Briolly - Vereadora

    (PSOL - Niterói/RJ)

    "Tinha um discurso muito forte, anos atrás, de que os negros não se uniram para se eleger, né, que tinham todos que unificar num só. E eu sempre dizia assim: mas por que isso se eles são todos iguais e eles são vários, né? 

     

    Será que não crescemos com mais de nós fazendo um debate público em que fortaleceríamos uma agenda do todo? Eu sempre acreditei que era isso que ia fortalecer o todo, e, de fato, é isso."

     

    Laura Sito - Vereadora

    (PT - Porto Alegre/RS)

    "E as mulheres negras não podem errar. 

     

    Eu ainda estou num contexto em que qualquer erro meu vai ser lido como fraqueza, como imaturidade, como diminuição, como incapacidade de lidar com determinadas situações cotidianas, lidas como cotidianas."

    Tainá de Paula - Vereadora

    (PT - Rio de Janeiro / RJ)

    "Eu acho que só tem uma forma da gente diminuir impactos e fazer com que menos mulheres passem por isso, que é a gente continuar o nosso processo de luta para ter ações concretas de punição às pessoas que cometem esse tipo de violência"

    Flávia Ellen - Vereadora

    (PT - Paulista / PE)

    "Na minha posse eu fui barrada e para entenderem que eu era uma deputada, mesmo com um negócio brilhoso gigante, uma assessora minha, uma mulher branca, precisou falar com a policial: “Ela é deputada. A posse é dela!”, porque ela ficava perguntando “Mas a posse é de quem, senhora?” [e eu falava] “Eu vim para a minha posse”. 

     

    [E ela insistia] “A posse é de quem, cadê o convite?”. Então foi muito constrangedor e a gente vai se encolhendo, né?"

    Talíria Petrone - Deputada Federal

    (PSOL - RJ)

    "Quando eu chego lá, o já presidente [da Câmara] já foi logo fazendo assim [...] e dizendo “Olha, vereadora, a senhora me desculpa, mas a senhora não pode vir com essa roupa”. 

     

    Aí eu falei “Como assim não pode? Onde é que está
    isso?” [ele respondeu] “Ah, está no regimento”, tipo “Como assim você não viu algo tão importante dentro do regimento que é a sua roupa”. 

     

    Eu falei “Pois eu vou trocar agora de roupa”. Já era um absurdo... Por que isso é violento, né?"

    Prof. Madalena - Vereadora

    (PSOL, Abaetetuba/Pará)

    "Quando tentaram invadir o meu gabinete e quando um próprio funcionário da Câmara ameaçou de vir aqui, dar facadas [...] 

     

    Ocorreu isso, aí, a partir desse momento, com uma certa demora, a Câmara possibilitou com que uma escolta da GCM me acompanhasse nas minhas agendas externas, no meu trabalho, na minha vida. 

     

    Hoje eu ando sob escolta da Guarda Municipal Metropolitana, depois desse episódio de tentativa de invasão ao gabinete e das inúmeras ameaças de morte também, que chegavam de forma constante."

    Érika Hilton - Vereadora

    (PSOL, São Paulo/SP)

    "Eu recebi depois o print de um jornalista dizendo que uma pessoa veio na rede social dele chamando a facção para me “dar um salve”, porque eu já estaria passando dos limites. 

     

    Porque, essas pautas que a gente apresenta, segundo ele, esse salve era para eu parar de fazer isso."

    Mazéh Silva - Vereadora

    (PT - Cáceres/MT)

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